quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

   Ontem caí da cadeira direto no chão e chorei. Não pela dor do tombo, mas pela dor da incerteza que eu sentia por dentro.
    Caí e no chão eu permaneci. Deixei que todas as vozes na minha cabeça falassem. Deixei que tocassem uma música pra mim. Enquanto a música tocava, enquanto as vozes cantavam, a cada tom alto na minha mente uma lágrima dos meus olhos caia.
   Deitei no chão, sobre o tapete escuro do quarto e pensei. As vozes já cansadas ficaram em silêncio. Não falavam, não faziam perguntas, apenas me ouviam. Fui olhando pra todas as paredes a minha volta, pra todas as coisas com os seus pequenos detalhes e deixei que as lembranças me invadissem. Delas eu não tirei lágrimas, tirei sorrisos. Tudo o que veio me fazendo sorrir estava a minha volta. Como se eu tivesse rodeado por telas enormes que reproduziam cada lembrança. Depois, quando os filmes acabaram e o quarto se manteve escuro eu chorei. Chorei pela alegria que me deram, chorei pelo medo da perda, chorei por sempre me sentir fraco. Mas na verdade, eu sou completamente incapaz de reconhecer a minha própria força. Então vejo-me assim. Me tomando como um fraco.
   Sobre mim: eu me dou demais, sinto demais, me entrego demais, amo demais. Sou como uma exceção, exatamente por viver cheio de excessos. Se tudo o que eu sinto é verdadeiro desejo me manter assim. Feliz por isso. Quando a verdade chegar, despeje a vida real sobre mim. Sem amortecer o golpe da queda. Sem me enganar, sem ilusões novamente. Agora, se são esses sentimentos que me alimentam por dentro, deixe-os fazer parte de mim. A dor da mentira é cruel, mas na verdade, ela é imperdoável e nos deixa incapaz de fazer suportá-la.
   As incertezas podem estar rodando a minha cabeça, mas não duraram para sempre. Se eu tenho vivido uma ilusão, uma mentira, essa foi a mais alucinógena, a mais gostosa e emocionante que eu já vivi. A melhor de todas que eu já tive.
   Se eu escrevo agora e todas às vezes que algo ronda a minha cabeça é justamente para deixar marcado tudo o que eu já senti. E mostrar que eu jamais esquecerei de tudo isso.

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